segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Gordura no cérebro

por Ana Marina Godoy: turismóloga, jornalista, MBA em Marketing – jornalista@universia.com.br )

Em época de diversos “next top model”, tenho percebido coisas que só quem acredita em fim do mundo pode explicar.
Elegância é ter inteligência. Em primeiro lugar. Elegância é não se render fácil ao que tentam ditar à sua vida, à sua saúde (física e mental). Beleza é não cair em armadilhas, mas se amar, se valorizar. Saber o que mostrar, evoluir e melhorar.
Hoje tenho em torno de 52 quilos*. Mas já tive vinte a mais. E isso foi na chamada “idade cor-de-rosa”: aos quinze anos, por conta de questões emocionais e familiares. Experimentei e cheguei a ser dominada por remédios pra emagrecer. Então, alguma autoridade eu tenho para falar a respeito, além das - simples? - vaidades jornalística e feminina!
Conforme a psicóloga Gabrielle Ana Selig, é necessário “haver muita cautela no uso dos remédios para emagrecer: devem ser o último recurso. Nada substitui uma boa reeducação alimentar associada a exercícios físicos e, em muitos casos, acompanhamento psicoterápico”. E completa: “Obviamente, existem casos em que os remédios são indispensáveis (em obesidade mórbida, por exemplo) como apoio ao processo de emagrecimento. Mas, mesmo nesses casos, tais remédios não devem ser vistos como uma solução milagrosa e, sim, associados à reeducação alimentar, a exercícios físicos e acompanhamento psicológico”.
Demorei muito – e ainda me trabalho para não entrar nas armadilhas por aí – para, realmente, achar bonita – e me aceitar – uma mulher com curvas e “carninha” (bem diferente de gordura). Afinal, como diz o ditado – e a maioria da torcida masculina! -: osso espeta!
De acordo com a psicóloga Gabrielle Selig, “atualmente, as pessoas estão sempre querendo resolver as coisas "pra ontem". Tudo deve ser instantâneo, imediato, prazeroso. Aliado a isso, ainda existe um padrão de beleza extremamente inadequado em termos de saúde. As pessoas já não querem viver as limitações/frustrações normais da vida. Querem comer muito (porque comer dá prazer) e não engordar. Querem emagrecer sem fazer esforço e rapidamente. Querem não se angustiar e aí compensam as ansiedades através da alimentação”. E o que vem fácil vai fácil: a saúde, a beleza, o “alívio”.
Estou preocupada e triste com o que as mulheres brasileiras, em especial, estão deixando fazer conosco: lipoaspiração sem necessidade alguma (regimes, exercícios em casa, academia, tantas saídas para gordurinhas naturais à mulher!), anorexias, bulimia e todos os absurdos a favor de uma magreza que o nosso biótipo não admite! Somos lindas brasileiras. Eis a grande questão!
O IBGE tem pesquisa que revela o perfil alimentar do brasileiro. Os dados expõem sedentarismo, excesso de calorias, perda de saúde e de qualidade de vida. Assim, em época de “pagou, tem”, não é de se espantar que milhares de pessoas submetam suas vidas a riscos a fim de aproveitar duas semanas de praia por ano, em suas férias. Colocando como exceção aqueles que moram à beira-mar. E, por favor: escondam mesmo o que agride os olhos alheios. O que não é bonito não se mostra. É questão de elegância e bom senso. Quase como o que sofre um fumante passivo, ser obrigado a ver absurdos de gorduras e flacidez desfilando com fiozinhos dentais, e homens que se deixam acabar no barrigão de chope, em cabelos mal cuidados, em coxas que assam de tanto que se esfregam, por terem pensamento e conversa ultrapassada de que “aquele que tem dinheiro pode ficar ‘acabadão’ que não tem problema: mulher gosta de dinheiro”, deveriam ser arrebatados da face da terra. No caso desses homens machistas e atrasados cabe às mulheres usarem a cabeça e escolher a quem presenteiam suas curvas: existem homens mais espertos: com dinheiro, saúde e que valorizam mulher como ser humano, não como objeto de compra e/ou uso. As novas gerações, neste aspecto, são menos ingênuas e mais saudáveis. Evolução!
Meus amigos homens sempre dizem: “mulher tem que encher uma cama”. Não de gordura, mas de beleza. Aquela cheia de curvas, que a Europa inteira inveja (e, além de cidadã italiana, com sobrenome e sangue espanhol, sou descendente direta de russos! Sei o que digo!), que o México, latino também, já assumiu em seus concursos de top models. Rebolemos com nossas curvas! E administremos o que é de sobra: a beleza de ser mulher, ou seja, ter curvas: quadril, peitos (mesmo que de silicone!), tamanho. Ser brasileira é ser mulherão, mesmo que não em altura. É ser enorme de alma e ter grandeza no ser humana, no ser mulher. É fazer a diferença para um mundo mais saudável.
É hora de médicos que aceitam fazer lipoaspiração por qualquer coisinha receberem processos e multas. E é tempo de a gente, como mulher, buscar qualidade de vida. Não prostituir o próprio corpo, detonar com ele só pra vestir pedacinhos de pano.
A mulher brasileira é M! E pronto! Vamos assumir. E tirar a gordura do cérebro.
Terapias com psicólogos podem ajudar muito. E drenagens linfáticas também! (risos). Afinal, tais profissionais não estudam tantos anos à toa. Podem e conseguem ajudar a quem quiser se libertar dessa mídia de menina ou de mulher “fantástica”...
Vamos nos preocupar com a saúde e a qualidade de vida: o restante vem naturalmente. E natural é ser mulher com curvas.

* em torno porque, exatamente para não entrar em neuroses desnecessárias, administro meu corpo pelo tamanho das roupas e não pelo peso. Ele pode variar por inchaços de TPM, remédios, pílulas contraceptivas, entre tantas outras coisas. Quando vou ao médico e sou obrigada a me pesar peço para não olhar e não me dizer. Pronto! O espelho e as roupas falam com melhor exatidão às mulheres.


SERVIÇO:
A psicóloga Gabrielle Ana Selig tem consultório em Curitiba/PR:
Clínica Cuore Corpore
Telefone: 41 30858591
E-mail: gabrielle@cuorecorpore.com.br



Foto minha tirada por Rodrigo Machado

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